quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Rock Me Falco!

Hell yeah!
O homem por trás da grande "Rock Me Amadeus", o hit dos anos 80 que tanto nos atazanou no melhor dos sentidos, tem sua vida contada num filme, finalmente!
Eu me lembro que o cara morreu atropelado por um ônibus, e foi daqueles que ficaram milionários com um hit e sumiram!
Mas agora volta nesse filme, que tomara, passe poo aqui de alguma forma, em mostra, festival, dvd ou no torrent mesmo.
Por enquanto, ficamos com o trailer, ainda em alemão sem legendas.
(Tô vendo o Alisson Gothz lendo isso e gritando!)

MOBY, o mala, no metrô de londres

Que o Moby é um mala todo mundo já sabe. O cara vendeu 9 milhões de cópias do álbum Play, aquele que todo mundo tem inclusive o dvd, não porque as músicas eram geniais, mas sim porque ele colocou na época todas as músicas do álbum à disposição de publicidade e ringtones e afins por preço simbólico, tipo bem barato mesmo, pra bombar em tudo quanto era lugar pra todo mundo ir atrás do disco.
Marketeiro fiadaputa, funcionou pencas.
Corta para semana passada. Li no London Paper que o mesmo "genial careca" foi tocar no metrô de Londres, fazendo um busk, como muito artista faz em todo lugar, tocando por dinheiro, sem avisar ninguém. Faturou a fortuna de 5 libras, ou quase 20 reais, que em Londres dá pra 2 cafés, se tanto. Espertão que ele é, deve ter assistido "Once", o filme mais bacana do ano, sobre um cara que faz busk também, só que faz músicas boas, carecão, diferente do seu caso!
Já que o cara é budista, vegan, milionário e chato, serviu mais pra ele passar seu tempo rico e ocioso. O melhor é ele dizendo que só tocou por 40 minutos porque como não ensaiou com o amigo que cantou com ele, só tinha 3 músicas do seu repertório e depois ficou improvisando um pouco de blues.
Quem viu o show do cara aqui em 2006 lembra o lixo que foi ao vivo e daí se explica o parco dinheiro que ele levou quando a coisa é pra valer, sem um monte de marketeiro em volta planejando tudo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Kyllie "In My Arms", só na música.

De todas essas cantoras por aí, a única que eu sempre tive tesão e certeza disso é a Kyllie Minogue.
Brega pra caralho, mas gostosa e linda e fodona. Músicas meio trash, mas ultimamente seus remixes tão arrebentando.
Aqui tá o novo clip dela, a música é bem mais ou menos, mas o clip é demais, total 80's.
E não venham me dizer que é niureive, nem vem!

sábado, 19 de janeiro de 2008

Once


Once é um dos filmes mais bacanas que vi nos últimos dias, um dos melhores do ano passado e um dos bons que não passaram por aqui ainda (outro imperdível é "Half Nelson", que já escrevi por aqui).
Irlandês, Once é uma história de amor, fofa, linda, não contada, mas cantada. Um cantor que fica nas ruas enquanto não trabalha arrumando aspiradores de pó com o pai, conhece uma vendedora de flores que tem problema no seu aspirador de pó.

Uma cena linda é quando ela vai encontrá-lo na rua, ele tocando violão e cantando na esquina de sempre, e ela com rosas vermelhas numa mão e com a outra puxando seu aspirador de pó como um cachorrinho.
eles conversam, cantam juntos, ele toca violão, ela piano.
eles fazem música juntos, as músicas são lindas e o filme não é um musical. É um filme cheio de músicas que vão meio que contando a história de amor dele por ela e dela pelo marido que mora longe. ela mora com a mãe e o filho pequeno num prédio de imigrantes do leste europeu, (é de lá que ela vem) e o apartamento dela é o único com tv fazendo com que os vizinhos sempre apareçam pra assistir. É quase uma comunidade que não assusta o cantor que apaixonado, e que apesar de tudo o que ela lhe diz, ele contnua dando em cima, esperando que ela ceda.
Mas não se engane, o filme é fofo, bem romântico, no bom sentido.
Feito em digital, com algumas câmeras, a agilidade e rapidez do filme é um twist ao romantismo latente do personagem principal, não deixando o filme piegas nem monótono. Na verdade o filme parece quase um documentário pela quase crueza e proximidade que a gente tem com o elenco e com as situações, provocados pelas câmeras quse sempre em close.
Cenas lindas, as mais lindas do filme, são os duetos do casal principal, ou na loja de instrumentos musicais ou no estúdio vazio na madrugada que o cd dele está sendo mixado.
Achado fodíssima esse filme, oportunidade perdida de distribuidores bestas brasileiras. O filme deve ser abrato pra se comprar e daria um retorno lindo, já que é uma comédia romântica, praticamente.
Se tivesse um desses por mês, seria um homem mais feliz!

O Suspeito

Competência não é sinônimo de qualidade. Quase nunca.
E esse "O Suspeito" é prova cabal disso.
Bem fotografado, com muito dinheiro, elenco perfeito, história até que interessante, mas o filme é uma porcaria!
A história é uma bobagem, um egípcio é preso ao voltar aos Estados Unidos por acharem que ele tem ligação com terroristas. Essa bobagem se estende a sua mulher, a Reese Witherspoon, que tá bem no papel, super convincente.
O papel de americano torturador/bonzinho/consciente é do Jake Gyllenhaal, muito bom, que já aparece matando na primeira cena, confirmando que é o mais bacana dos atores americanos novos (Ryan Gosling é canadense!).
Disso tudo a história, que é mais interessante no meio dos árabes, o pseudo romeu e julieta, passa por Meryl Streep, a pseudo vilã do filme, Alan Arkin, Peter Sarsgaard (também surpreendendo a cada filme).
O filme é bem truqueirão, enrola um monte e decepciona principalmente porque no final, o que deveria acontecer pra salvar aos 46 do segundo tempo não acontece. Nem o nenê cai no chão!
A única coisa interessante do filme é o merchan da Nokia. Todo mundo fala ao celular o tempo todo e tooddos os celulares são da empresa e sempre vemos isso, fica claro o tempo todo. É tão descarado, mas ao mesmo tempo diz a que veio o filme afinal.
A frase do filme é quando Jake fala com Meryl, pelo celular, claro, que ele não vai esquecer sua primeira tortura. E daí ele vai sofrendo mais e mais. Só que isso fica chato.
O diretor, o cara que fez o Tsoti, chatinho, vai fazer agora o filme do Wolverine. Tô com medo.
Muito medo.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Escrito em sangue é pra sempre!

Eu juro que tô de saco cheio de scraps de orkut, de ficar sabendo de coisas pelos facebooks da vida!
Quero carta, selo, papel e... sangue!
Tem coisa mais dramática do que você abrir um envelope e ler uma declaração qualquer que seja escrita em sangue?
Facinho, só ver o vídeo.

A Espiã


Paul Verhoeven é o diretor holandês que eu admiro um monte. Uma vez conversando com ele, faz um tempo isso, mas me lembro bem, disse pra ele que curtia muito os filmes holandeses dele dos anos 80, tipo "O Soldado Laranja" e "O Quarto Homem", e mesmo os filmes americanos que ele fez nessa época como o "Flesh and Blood", filmes que mostram sua maestria por escatologia e sexo, tudo com o mesmo peso na história, o que pra mim, na época, abriu umas portas da percepção bem interessantes, porque eu achava que eu fosse o único freak.
De qualquer maneira, depois disso, ele fez um monte de porcaria tipo "Showgirls" e "Tropas Estelares", apesar de grandes amigos meus gostarem desses filmes. Claro que ele fez "Instinto Selvagem" e mostrou a xoxota da Sharon Stone escancarando a, hummm, loira pro mundo.
Só pra constar, no dia que eu falei pra ele, perguntei o que ele tanto dizia que a Sharon tinha de tão igual ao personagem dela no filme, se era a não calcinha. Ele sorriu e mudou de assunto.
Depois de um tempo, ele volta a filmar na Holanda e o que temos? Um filmaço, "A Espiã".
Cinemão, clássico, roteiro com começo meio e fim, diferente da minha onda de doideiras de Lynchs e Greenaways e experimetalismos que vinham me enchendo o coração e a mente ultimamente.
A espiã do título é a minha nova musa, Carice von Houten, uma holandesa que pode ser a nova Cate Blanchet facilmente. Ela é uma judia que vai se embrenhando pela resistência holandesa na segunda guerra e pra sobreviver acaba sem querer se apaixonando por um oficial nazista, um dos não psicopatas totais.
O filme é super bem filmado, bem enquadrado, bem fotografado, bem dirigido, culpa de um cara mega experiente que ousa em não ser doidão e ousa em contar uma história em princípio quadradinha mas quando a gente menos espera mostra o close da ... xoxota da menina, claro. Ou logo depois mostra um banho de merda (alguém lembra da Jennifer Jason Leigh em Flesh and Blood?).
Contar que o filme não acaba nunca, no bom sentido, que a história é boa mesmo, que o drama do nazismo pros caras é obviamente ainda presente, não é necessário. O que vale mesmo é dizer que o filme deve ser visto e que deve ser dada a devida aençnao à essa atriz extraordinária, que nas mãos de um diretor como Verhoeven, com seu timing todo particular pra cortes e ação dos atores, nos dá um filme exemplar.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Desejo e Reparação, a trilha

Inacreditável a trilha desse filme, criada pelo italiano Dario Marianelli.
Na linha das trilhas mais inspiradas de Phillip Glass, mas sem os ranços minimalistas desse, Marianelli me pegou não só pela música que ele criou, mas pelos seus silêncios, por saber onde não colocar música, onde deixar a cena à vontade. Hitchcock dizia que pra ele o bom maestro é aquele que sabe não colocar música, sabe respeitar o filme. E Marianelli se mostrou um mestre em "Reparação" ( que aliás é o título do livro de Ian McEwan em português, mais apropriado do que esse desejo de antes. bah, os tradutores brasileiros!).
Outra coisa genial da trilha é a apropriação dos ruídos de cena importantes na trilha, de usar o que a gente não só ouve, mas vê acontecendo como fio condutor da música que vem dali. Uma batida de guarda chuva no carro da mãe desesperada pelo filho que vai preso vira o beat da música que acompanha a próxima sequência. O barulho das teclas da máquina de escrever vira o tema principal desse filme que tem muita carta e muito bilhete importante na trama.
Aqui dá pra baixar esse primor, que ontem já levou o Globo de Ouro de melhor trilha sonora.
Auguri, Dario!

domingo, 13 de janeiro de 2008

Desejo e Reparação, o filme do ano.

Só pra constar, "Desejo e Reparação", a adaptação cinematográfica do livro Reparação de Ian McEwan, é o filme do ano até agora.
Lindo demais.
Detalhes em breve.
Enquanto isso, um teaser, a cena emblemática que faz com que tudo aconteça de uma forma que não deveria.

sábado, 12 de janeiro de 2008

O set do Justice negado pela Fabric



Parece que foi assim.
O Fabric, o clube londrino bacanérrimo chamou o Justice pra fazer um set e lançar o cd, como já fizeram com vários bandas antes.
Daí parece que o Justice fez o set e quando entregou, o povo do Fabric gongou. Daí o set acabou virando o Justice Xmas Mix.
Sim, os queridinhos Justice gongados!
Apesar de ter Zoot Woman, Surkin, Daft Punk, é fraquinho, mas mostra bem a influência brega de anos 70 deles.

O set list é
01 Sparks – Tryouts For The Human Race – Virgin
02 Rondo Veneziano – La Serenissima - Universal
03 Goblin – Tenebrae - Cinevox
04 Daft Punk – Ouverture - Virgin
05 Surkin – Next Of Kin – Institubes
06 Symbolone – Love Juice - SymbolOne
07 Korgis – Everybodys Gotta Learn Sometimes – Angel Air
08 Midnight Juggernauts – Ending Of An Era – Mindight Juggernauts
09 The Paradise Ft Romauld – In Love With You – Vulture
10 Justice – TTHHEE PPAARRTTYY (Acapella) – Ed Banger
11 Chic – Everybody Dance – Atlantic
12 Frankie Valli – Who Loves You – Warners
13 Das Pop – Underground – Das Pop
14 Julien Clerc – Quand Je Joue – EMI
15 Daniel Balavoine – Vivre Ou Survivre – Barclay
16 Richard Sanderson – Reality - Barclay
17 Zoot Woman – Grey Day – Wall Of Sound
18 Fucking Champs – Thor Is Like Immortal – Drag City
19 The Rave – Mother – The Rave
20 Fancy – You Never Know - Fancy
21 Frank Stallone – Far From Over - Universal
22 Sheila – Misery – Warners
23 Todd Rundgren – International Feel - Warners

Daí o Justice liberou o set pra nós ouvirmos.
Aqui tem o link pra baixar, ouvir e tirar suas conclusões.
Eu achei meia boca demais!
Teria gongado também.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Ousadia

Promo da marca de tênis para skate Lakai Fully Flared.
Ousado, bem filmado, bem criado, só com skatista fodão, um presente.
Sem comentários.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Ziggy Stardust + rappers = álbum demais


Faz já uns 4 ou 5 anos que todo mundo fala em mash ups e misturas e bastard poop e afins.
2 Many Djs levaram isso tudo pro mundo afora, o povo adora, os djs fazem ao vivo, misturam e misturam e misturam, às vezes indiscriminadamente e sem muita noção, mas o que vale é a mistura em si.
Mas às vezes aparecem pérolas no meio de tanto pop e a nova é o projeto The Will To Truth, de um dj chamado Man Cat, que mistura o talvez meu álbum preferido de todos os tempos "Ziggy Stardust And The Spiders From Mars" do mestre David Bowie com muito rap que vai desde 2Pac, Missy Elliot, G-Unit, Blackalicious, Jurassic 5, Jay Z, WuTan Clan, Notorious B.I.G., só pra citar os meus preferidos.
O cara, o tal do Man Cat, claro que remixou/recriou todas as músicas do Ziggy, fez bases lindas e os rappers cantam por cima. É quase parecido com o Grey Album, a "junção" do Black Album do Jay Z com o White Album dos Beatles que um desconhecido na época, um tal de Danger Mouse fez, depois o cara SÓ faria o mega hit "Crazy". Bom começo pra qualquer dj.
Bom, o ´labum que saiu desse projeto se chama "The Rise And Fall Of Thuggy Stardust And The Hustlers From Mars", onde tug e hustler, tão conhecidos nos meios gangsta.
A diferença básica deses dois álbuns é que o Grey Album foi mesmo um mash up, misturando as músicas, e o resultado é mais "pop", com aspas enormes, já esse "Thuggy Stardust" é mais um álbum de rap/hip-hop mesmo, mas radical, na veia. Eu prefiro o primeiro, mas é bem bacana esse, pra vermos o que um dj/produtor fodão pode fazer, criando, recriando e refazendo.
No site do cara que tem ali acima, dá pra baixar for free com booklet.
E no vídeo aqui abaixo, dá pra entender mais o projeto.
Us mano!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

SKINS rocknroll!



Uma das minhas séries preferidas é a inglesa SKINS, dessas curtas, com 9 episódios.
Série de molecada, só que com culhão, sexo, drogas, gays, porrada e vômito. Uma delícia.
Na primeira temporada a música tema era Gossip, "Standing In The Way Of Control", meio que dando o tom dos episódios, mais festa do que deprê. O postere acima é da primeira temporada, colorido e fun.
Essa foto mostra a nova vibe dos caras, bem diferente.



Nesse promo novo da série, a trilha e o clima já são bem diferentes, bem pra baixo, climão, Radiohead na cabeça!
E o bom é que começa logo, aqui na nossa net de downloads!

LOST de volta dia 31 de janeiro!


Obrigado internet, por sua causa não preciso esperar meses pra assistir LOST (e Heroes, e Gossip Girl e Californication e Dirt e Pushing Daisies e...)
Dia 31 de janeiro estréia a nova temporada, com um episódio duplo, só com 8 episódios.
Matthew Fox, o deuso Jack, deu uma entrevista genial e enorme pra Entertainment Weekly falando da nova temporada, do que ele sabe e do que ele não queria saber mas não aguentou esperar também e já sabe. Dá pra ler aqui.
Ele fala das cenas do futuro, fala do PArty Of Five, fala da Kate, fala dos personagens que aparecem e morrem de repente (Santoro!!!), fala do passado e do futuro e dos próximos 3 anos (temporadas) da série.
O mais legal da entrevista pra mim foi a firmeza do cara, de como ele é fodão e não faz questão que isso transpareça, tipo sendo posptar, mas sim um ator competente.
É, gosto sim do cara!
O vídeo abaixo é genial, oficial faz um resumo das 3 primeiras temporadas em 8 minutos e 15 segundos, número cabalístico (vôo 815).
Agora é esperar o fim do mês e torcer pra que as 8 semanas demorem a passar!

Allegro


Adoro surpresas cinematográficas.
Ontem fui ver “Allegro” com referencias boas de amigos que tinham visto “Reconstruction”, o filme naterior do mesmo diretor. E outra referencia boa era a Helena Christensen no elenco.
Confesso que logo de cara já fui pego pelo filme. A abertura com cenas noturnas de Estocolmo é linda, quase uma cidade qualquer que pode ser qualquer uma, do jeito que eu gosto, aquele papo de contar a historinha sua íntima mas com alcance universal, fazer do seu quintal o quintal do mundo. É isso que Hr. Boe, o diretor, consegue super fácil em Allegro, transformar uma história de amor e arrependimento num conto lindo de esquecimento e de não memória, criando um universo muito particular e ainda muito geral.
Um filme me tira o chão quando mostra uma realidade própria, quando o diretor consegue criar um universo novo ali dentro, mesmo com as histórias mais “banais”, quase como nesse caso.
Um pianista, um homem bem estranho, quase um autista, se apaixona por uma mulher num encontro bem casual numa rua no meio da madrugada. Essa mulher o ensina uma coisa básica e que pra ele funciona muito: que ele não precisa usar gravata só porque todo mundo diz que ele precisa, que ele pode não usar e criar um estilo próprio. Essa banalidade, pra um cara tão estranho como o pianista, faz uma diferença considerável, tanto que ele solta pra ela “me sinto quase humano quando estou com você”. E isso é tão sério que quando ela o abandona, ele resolve “apagar” toda a sua memória até esse momento crucial. E aí começa a “doideira” do filme, o estado quase de ficção científica a que se transforma o drama de então.
Em Estocolmo, é criada uma “Zona”, onde ninguém pode entrar e ninguém sabe o que acontece dentro. Muitas teorias de que a cidade naquele lado está destruída ou que moram drogados, mas na verdade é a área da cidade onde morava o pianista e onde ele enterra sua memória e sua vida pregressa, porque a partir de então ele se muda pra Nova Iorque e vive uma vida de sucesso e reclusão total, inclusive exigindo que quando ele dê um concerto, que ele não seja visto, que ele toque cercado por paredes e que sua audiência esteja vendada, para que só dêem atenção à música mesmo, que não importa quem a toque, mas o que tocam.
(Um parêntese aqui, qualquer semelhança com djs que tocam mascarados é mera coincidência, mas o princípio é o mesmo filosoficamente)
A pergunta que eu faço é: será que pode haver um acontecimento em nossas vidas, forte e poderoso o suficiente para nos fazer mudar tudo o que sentimos e gostamos até então e apagarmos nossa pré-existência a ponto de não querermos nos lembrar de nada mesmo e fazer com que sigamos dali pra frente como seres humanos novos e renovados? Romanticamente isso é demais e o filme mostra que o problema disso tudo é o arrependimento tardio, e daí, algo com que eu concordo, é melhor não errar pra não se desculpar. Pra mim não tem nada pior do que pedir desculpas. Pense antes pra não errar demais.
Disso tudo, ou alem disso tudo, o filme ainda tem uma fotografia maravilhosa, primorosa pra algo captado em digital e acima de tudo isso, o diretor se mostra um mestre fazendo do ator um exemplo de homem a não seguirmos e de Helena Christensen uma deusa nesse filme, a mulher cujo lábio derrete, a mulher cujo meio perfil faz com que qualquer um deixasse sua vida pra trás.
Que venham mais dinamarqueses como esse!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

CONTROL


Muito a falar sobre Control, mas pra começar, é dizer que é o melhor filme dos últimos tempos.
Filme sóbrio, perfeito, roteiro bacana, cinematografia excepcional, diretor que sabe seu lugar e não quer ficar aparecendo com “mirabolâncias bestas”.
A câmera é absolutamente não intrusiva, sabe seu lugar mesmo, ta ali pra retratar e não interferir na história.
Anton Corbijn, o diretor, é fotografo desses famosíssimos e foi amigo dos caras do Joy Division na época e diz ele que desde então quis filmar essa história. E foi por ser amigo dos caras que a mulher do Ian liberou os direitos de seu livro de memórias. E ela ficou ali do lado o tempo todo (diz outra lenda) palpitando e escolhendo elenco e tudo. Inclusive a filha deles, que hoje é fotografo, fez os stills do filme.
Bom, o legal do filme é que mostra que os caras da banda eram uns moleques normais, que iam pra escola, tomavam remédios da velhinhas vizinhas, ficavam doidos, fumavam escondidos, ouviam muito Bowie, se montavam, tudo o que todo mundo faz naquela idade. Inclusive as deprês da idade, as incertezas. Só que nesse caso esses “infortúnios” foram levando esses caras a fazerem músicas e essas músicas foram levando esses caras a fazerem shows e mais shows e o Ian, o vocalista da banda, letrista e atormentado não segurou a onda de esposa, filha, amante belga, banda indo fazer tour americana e se enforcou na véspera da viagem.
Eles faziam músicas pra não se gostar, pra não serem bonitas, faziam músicas que lancinavam a alma.
O nível do cara era alto (ou baixo) demais, era o tipo de cara que quando tentou se matar deixou um bilhete pra mulher dizendo que amava e tal e pedindo pra ela avisar a tal amante francesa que também a amava.
Disso tudo saiu a banda fodona que depois se tornou o New Order, e melhor ainda, saiu esse filme lindo, com uma atuação inacreditável do Sam Reiley no papel do Curtis, meio que encarnando o cara. No vídeo abaixo tem um mashup que foi feito com cenas do filme e cena originais, e dá pra se ter uma idéia ótima do que o cara faz. Uma piada ótima no filme é que fazem com o Ian/Reiley no início da banda, dizendo que era melhor ele ser vocalista do Joy Division do que ser vocalista de uma banda tipo The Fall, uma crítica a banda mas também uma piada com o próprio Reiley que fez o papel do Mark E. Smith em outro filme.
Pra quem já foi adolescente, gosta de música, gosta de cinema, gosta de fotografia, esse é o filme perfeito. Só esperar estrear e se jogar!
Enquanto isso dá pra aproveitar a trilha do filme que é demais. Tem aqui pra baixar.




Aqui o mashup:

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Império dos Sonhos


Em 92, eu cobri o festival de Cannes pra revista Set (r.i.p.) e Fire Walk With Me competia. Consegui uma entrevista com David Lynch, e na hora, entraram ele, sua mulher na época e diretora de arte do filme e o anão, aquele que falava ao contrario nos sonhos do filme e do seriado. Bom, eu perguntava pro Lynch e quem respondia era o anão. Achei que era uma piada, mas não era. Foi sério o tempo todo.
Bom, foi foda. E acho que isso meio que explica um pouco como funciona o cara.
Inland Empire seu mais recente “filme”, é sim o mais doido e o pior .
Quer dizer...
Obviamente não dá pra dizer sobre o que é o filme, mas talvez seja sobre uma atriz que vai fazer um filme cujo roteiro é amaldiçoado; na primeira tentativa de produzí-lo os atores principais morreram e eu fiquei esperando o tempo todo acontecer a mesma coisa. Mas é pior, garanto.
É terror, é horror, é drama, é comedia, é surreal, é de tudo um pouco, não é nada, sei lá. Me irritou muito o filme ter 3 horas, muita coisa pra nada. Ou pouco demais pra que eu entendesse, irritou ainda.
A conclusão que eu tirei do filme é a seguinte, mais ou menos: Lynch fez Inland Empire com câmeras digitais, vídeo. O filme que ele está filmando dentro de Inland é feito com câmeras Panavision, película, 35mm. Assim, a conclusão é que pro diretor doidão, o cinema é película. Já que ele ta fazendo vídeo, o que ele ta fazendo é alguma coisa que não cinema, talvez sonho, talvez pesadelo, mas não cinema. Ou o contrário. Talvez o que ele esteja fazendo, o Inland, seja cinema, em vídeo, mas cinema. E dentro do filme alguma coisa antiquada, que se perdeu, que se misturou.
Entendeu? Pois é, o filme é assim, sem que se entenda nada, ou quase nada. Como sempre.
Lynch vem pi(o)rando com o tempo, pense em Veludo Azul e pense em Estrada Perdida, como ele tá mais e mais surreal/doido/estranho/sei-lá-o-quê com o passar dos anos.
A trilha do filme é um primor, e pela primeira vez tem muita música feita pelo próprio Lynch, mais do que músicas de outros caras. Dá pra baixar aqui a trilha e vale bem a pena.
Agora, o filme é um presente pra Laura Dern, sua atriz talvez preferida mesmo: o filme é dela e pra ela. Ela está genial, super atriz competente e num nível que são poucas as que chegam lá, ainda mais na sua idade. E o resto do elenco, de colaboradores meio que fixos do Lynch, com destaque mesmo pras cenas iniciais do filme com a doida da Grace Zabriskie, desfocada e atordoada!
Nem adianta falar tanto do foco ou da falta dele ou da opção pelo foco no lugar errado, da luz, dos escuros do filme, da não-concessão absoluta de Lynch, mas nada adianta, nada explicaria ou justificaria não ver mais uma porrada desse doido, o mesmo do anão!