quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A Espiã


Paul Verhoeven é o diretor holandês que eu admiro um monte. Uma vez conversando com ele, faz um tempo isso, mas me lembro bem, disse pra ele que curtia muito os filmes holandeses dele dos anos 80, tipo "O Soldado Laranja" e "O Quarto Homem", e mesmo os filmes americanos que ele fez nessa época como o "Flesh and Blood", filmes que mostram sua maestria por escatologia e sexo, tudo com o mesmo peso na história, o que pra mim, na época, abriu umas portas da percepção bem interessantes, porque eu achava que eu fosse o único freak.
De qualquer maneira, depois disso, ele fez um monte de porcaria tipo "Showgirls" e "Tropas Estelares", apesar de grandes amigos meus gostarem desses filmes. Claro que ele fez "Instinto Selvagem" e mostrou a xoxota da Sharon Stone escancarando a, hummm, loira pro mundo.
Só pra constar, no dia que eu falei pra ele, perguntei o que ele tanto dizia que a Sharon tinha de tão igual ao personagem dela no filme, se era a não calcinha. Ele sorriu e mudou de assunto.
Depois de um tempo, ele volta a filmar na Holanda e o que temos? Um filmaço, "A Espiã".
Cinemão, clássico, roteiro com começo meio e fim, diferente da minha onda de doideiras de Lynchs e Greenaways e experimetalismos que vinham me enchendo o coração e a mente ultimamente.
A espiã do título é a minha nova musa, Carice von Houten, uma holandesa que pode ser a nova Cate Blanchet facilmente. Ela é uma judia que vai se embrenhando pela resistência holandesa na segunda guerra e pra sobreviver acaba sem querer se apaixonando por um oficial nazista, um dos não psicopatas totais.
O filme é super bem filmado, bem enquadrado, bem fotografado, bem dirigido, culpa de um cara mega experiente que ousa em não ser doidão e ousa em contar uma história em princípio quadradinha mas quando a gente menos espera mostra o close da ... xoxota da menina, claro. Ou logo depois mostra um banho de merda (alguém lembra da Jennifer Jason Leigh em Flesh and Blood?).
Contar que o filme não acaba nunca, no bom sentido, que a história é boa mesmo, que o drama do nazismo pros caras é obviamente ainda presente, não é necessário. O que vale mesmo é dizer que o filme deve ser visto e que deve ser dada a devida aençnao à essa atriz extraordinária, que nas mãos de um diretor como Verhoeven, com seu timing todo particular pra cortes e ação dos atores, nos dá um filme exemplar.

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